Eu sou ansioso?
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- 13 de agosto de 2020
Sim, você é! Eu também, aliás, todos somos!
A questão é: será que ela está te prejudicando?
Continue comigo e você irá entender!
Se estamos aqui hoje precisamos agradecer aos nossos ancestrais pelo excelente trabalho realizado através da sensibilidade auditiva, olfativa e da visão. Estes órgãos dos sentidos os deixavam alertas quanto a ataques de animais ferozes e outros inimigos, o mecanismo de luta ou fuga era acionado dando a eles a possibilidade de pensarem e agirem a tempo de preservar suas vidas.
Fato é que milênios se passaram e nosso mecanismo de luta ou fuga continua sendo acionado diante situações de ameaça, o medo continua fazendo seu papel na preservação da nossa espécie e por causa dele pensamos antes de agir aos perigos do mundo moderno.
A este conjunto de reações cognitivas, fisiológicas e comportamentais damos o nome de ansiedade que nada mais é que uma reação natural do seu organismo para te preservar, pois ela te auxilia a perceber e te prepara para as situações que se apresentam a sua frente. Para ficar mais claro, vou te dar alguns exemplos:
Ao atravessar uma rua, se você perceber que está vindo um carro, seja porque ouviu o som ou viu o automóvel, você se assusta, seu coração dispara, suas mãos tremem, você pode ter uma sensação de gelo pelo corpo e rosto, e instintivamente pensa em voltar para a calçada ou acabar de atravessar a rua correndo.
Até mesmo na organização da sua rotina diária a ansiedade está presente, ao acordar você pensa no que precisa fazer, planeja as melhores ações e dá inicio ao que precisa fazer.
Você utiliza esses mesmos recursos diante situações novas e desafiadoras. Dessa forma a ansiedade é funcional e adaptativa. Se você tem projetos e objetivos, certamente você terá alguns encontros marcados com ela.
Porém a ansiedade pode trazer maior desconforto ou problemas a algumas pessoas quando esse conjunto de fatores, ou sintomas se apresentam de forma mais intensa e frequente, fazendo com que esses indivíduos fiquem mais agitados, eufóricos ou preocupados.
Vamos mais uma vez de exemplo:
Enquanto para alguns ir a uma festa é sinônimo de alegria, preparação e descontração (manifestação natural da ansiedade), para outros pode ser um gerador de alta expectativa levantando questionamentos como: será que vai dar tudo certo no dia para eu ir? Que roupa devo usar? Será quem vai estar lá? Será que vai ser bom? E se eu não conhecer as pessoas? E se elas ficarem reparando em mim? E se eu fizer alguma coisa ridícula? (Neste ponto esses pensamentos podem levar a sensações fisiológicas desagradáveis, o que faz com que algumas pessoas se sintam desconfortáveis até o momento da festa devido aos picos de ansiedade) e ainda temos uma terceira situação, pessoas que só de pensar em estar no meio a muitas pessoas já imaginam inúmeras situações embaraçosas e com isso se sentem mal e a ir a festa não é uma opção válida.
E caso a esquiva, dessa ou de outras situações que geram ansiedade, vire rotina você corre o risco de desenvolver síndromes ou transtornos de ansiedade.
Neste ponto a ansiedade já se tornou prejudicial, ou seja, patológica. Pois as respostas cognitivas, fisiológicas e comportamentais são desproporcionais as situações, o mecanismo de luta ou fuga é acionado como se estivesse diante uma ameaça real e você se sente sem condições de lidar com ela. E o perigo de não cuidar disso é que outros transtornos podem, com o tempo, se desenvolverem, como a depressão.
Quando falamos em ansiedade estamos falando da complexidade que é o ser humano, ou seja, falamos das variadas formas de manifestação, pois a ansiedade está diretamente ligada a fatores genéticos e as experiências vivenciadas por cada um de nós ao longo da vida.
Se você está tendo problemas constantes com a ansiedade o melhor a fazer é procurar um profissional que poderá avaliar junto com você o que está acontecendo ou provocando o quadro e juntos traçarem uma estratégia de tratamento, seja com a psicoterapia, a medicação ou os dois, e assim iniciar o restabelecimento da sua saúde mental e emocional em busca da oportunidade de uma vida mais saudável e com qualidade.
Elizete Caliman
Psicóloga
CRP 09/6582
* Este texto foi escrito com base nas seguintes fontes:
Teles, L. (2018) O cérebro ansioso. São Paulo: Alaúde.
Lealy, R.L. (2011). Livre de ansiedade. Porto Alegre: Artmed.
Hoffmann, S.G. (2014) Introdução a Terapia Cognitiva Comportamental Contemporanea. Porto Alegre: Artmed